QUARESMA: TEMPO DE PENITÊNCIA. CONVERSÃO, SOLIDARIEDADE.
Com a Quarta-feira de Cinzas, iniciamos o tempo da Quaresma, com o firme propósito de nos preparar para reviver a Páscoa da Ressurreição do Senhor, motivados pela mensagem e unidos aos sentimentos de Jesus Cristo, intensificando o cultivo da oração, do amor a Deus e da solidariedade com os irmãos e irmãs.
O tempo da Quaresma é, na verdade, um tempo de graça e de bênçãos que a Igreja nos proporciona. Tempo de reconciliação com Deus, como nos convida o Profeta Joel 2,12-18: “Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração... rasgai o coração e não as vestes, e voltai para o Senhor, vosso Deus”... ; e São Paulo, 2Cor. 5,20-6,2 “Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: Deixai-vos reconciliar com Deus”, “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação”... Portanto, tempo de escuta atenta da palavra de Deus, de sincera conversão, de mudança de vida. Tempo de reconciliação com os irmãos e irmãs.
Tempo de retomar o caminho do Evangelho, de retomar a opção assumida no batismo e na crisma.Tempo de reorganizar as atividades cotidianas, para que sobre mais tempo para estar em familiaridade, em intimidade com Deus, através da oração, pessoal, familiar e comunitária. Tempo de reavaliar o nosso relacionamento com os irmãos e irmãs mais carentes e necessitados, prestando-lhes o auxílio necessário, não só com bens materiais, mas também, com atenção, com ternura, ajudando-os a trilhar um caminho de espiritualidade e de vivência participativa na comunidade de fé. Tempo de jejum como aprendizagem, entrega e docilidade à vontade do Pai.
O jejum é parte integrante da espiritualidade quaresmal. Há muitas formas de jejuar, mas o jejum que agrada a Deus é apresentado por Isaías (58,6-9a): “O jejum que eu quero é este: abrir as prisões injustas, soltar os ferrolhos dos cepos, deixar livres os oprimidos, quebrar todos os cepos; partilhar o teu pão com o faminto, hospedar os pobres sem teto, vestir aquele que vês nu e não te esconderes daquele que é a tua carne. Então tua luz romperá como a aurora, a cura das tuas feridas se operará rapidamente, atua justiça irá a tua frente, e atrás irá a glória do Senhor. Então clamarás ao Senhor e ele te dirá: aqui estou”.
Podemos também praticar o jejum dos olhos, escolhendo um dia da semana, pelo menos, para não ligar a televisão, e usar o computador e o celular somente para as necessidades essenciais (trabalho, estudo). O jejum da língua, tomando cuidado com as palavras para não ofender, não magoar e não fazer fofoca. O jejum dos passos, para não nos deixarmos levar por caminhos que não condizem com a nossa condição de cristãos e cristãs.
Quaresma é tempo de refletirmos na proposta da Campanha da Fraternidade que neste ano é Ecumênica, preparada pelo CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), constituído pela Igreja Católica, Igreja Presbiteriana Unida do Brasil., Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia, Aliança Batista do Brasil, Igreja Betesda e tem como tema: “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e como lema: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” Ef 2,14a.
Procuremos compreender melhor a Campanha e seus objetivos, estudando o texto-base elaborado pelo CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs) e acessando o site da CNBB e tomando cuidado para não se deixar influenciar por aqueles que gostam de criar confusão, de confundir e de desacreditar a ação da Igreja (não encarnaram Jesus Cristo e o Evangelho). Em Marcos 8,15, Jesus alerta: “Guardai-vosdo fermento dos fariseus e do fermento de Herodes”. Um pouco de fermento ruim, causa grande estrago. Um pouco de fermento bom, faz um bem enorme.
O objetivo da Igreja é realizar o desejo de Cristo “a fim de que todos sejam um, como tu, Pai estás em mim e eu em ti: que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21).
“A Campanha deste ano quer ser um convite para viver um jejum que agrada a Deus e que conduz à superação de todas as formas de intolerância, racismo, violências e preconceitos” (Texto-Base, 14). E nos propõe como gesto concreto a Coleta da Solidariedade, que será feita no Domingo de Ramos, destinada a concretizar projetos que vão beneficiar muitos irmãos e irmãs.
“A alegria de quem doa, sempre encontra o sorriso e a gratidão de quem precisa e recebe essa ajuda. Que nossa oferta, no fim da Quaresma, seja de verdade, sinal de um coração convertido e solidário” (Texto-Base).
Pe. Wilson Galiani
Pároco