CATEQUESE
SACRAMENTOS DA IGREJA CATÓLICA
Batismo – Eucaristia – Crisma – Confissão – Matrimônio – Ordem – Unção dos Enfermos
O SACRAMENTO DA CRISMA OU CONFIRMAÇÃO
A Confirmação aperfeiçoa a graça batismal; é o Sacramento que dá o Espírito Santo para enraizar-nos mais profundamente na filiação divina, incorporar-nos mais firmemente a Cristo, tornar mais sólida a nossa vinculação com a Igreja, associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemunho da fé cristã pela palavra, acompanhada das obras.” (CIC §1316)
Vale a pena, antes de mais nada, analisar essas palavras. São ditas duas coisas importantes a respeito da Crisma: ela aperfeiçoa a graça batismal e é o Sacramento que dá o Espírito Santo. Ora, será que a graça batismal é imperfeita? Mais ainda: o Batismo já não nos deu o Espírito? Não é no Espírito do Cristo ressuscitado que fomos mergulhados no santo Batismo? Além do mais, como católicos cremos que todo e cada Sacramento nos dá o Espírito Santo, e que somente no Espírito pode haver Sacramento. Sendo assim, como compreender as afirmações do Catecismo citadas acima?
Afirma-se que a Crisma aperfeiçoa a graça batismal no sentido de torná-la “madura”, aperfeiçoada, plenamente desenvolvida. É importante compreender bem isto. No Batismo, nós recebemos o Espírito do Cristo Ressuscitado; ele nos é dado como vida divina, vida nova, vida eterna que faz de nós novas criaturas. Ora, esta vida não é algo estático, parado, congelado; como toda vida, ela vai crescendo sempre mais, e assim vai nos configurando cada vez mais ao Cristo Jesus, para que sejamos como ramos da Videira que é Ele próprio, vivamos como reflexo do Senhor neste mundo. Pois bem, o Sacramento da Crisma é o que leva esta vida na Graça, recebida no Batismo, à sua maturidade. Na Crisma, o Espírito que nos tinha sido dado como vida, nos é dado como Força divina, que nos dá a capacidade de testemunhar Jesus, de anunciar o Evangelho e assumir ativamente nosso lugar na comunidade eclesial. Por isso mesmo é que se diz que a Crisma confirma o Batismo, que é o Sacramento da Confirmação.
Não é que o Batismo seja incompleto e necessite ser completado. – O sentido é outro: a Confirmação nos dá a graça da maturidade cristã, de tal modo que a vida nova recebida no Batismo pode e deve, agora com a Crisma, ser testemunhada e transbordada para os outros com a graça deste Sacramento.
Em outras palavras: enquanto que no Batismo a vida recebida é graça que nos renova e transforma, na Confirmação esta mesma vida é Dom que devemos testemunhar e partilhar. Por isso o crismado deve estar consciente do seu lugar na Igreja, na comunidade eclesial, e do seu dever de testemunhar o Cristo sendo, como se diz, um soldado do Senhor.
A palavra Crisma vem do grego e significa Óleo da Unção. O termo, no feminino (a Crisma), refere-se ao Sacramento em si, e no masculino (o crisma), refere-se ao óleo de ungir. Ungir é untar a fronte do crismando com o óleo próprio, em cruz. O óleo usado na cerimônia da Crisma é consagrado na Missa da Quinta-Feira Santa.
A celebração
O sacramento da confirmação é administrado pelo bispo - ou o seu representante autorizado – no início da cerimônia o bispo reza pedindo os dons do Divino Espírito Santo para os crismandos. Depois, chama cada um pelo seu nome, impõe-lhe a mão, traça com o santo crisma o sinal da cruz na testa e diz: N. receba por este sinal o Espírito Santo dom de Deus. O crismando responde: amém. Depois o bispo cumprimenta o crismando com a saudação: a paz esteja contigo. O crismando responde: e contigo também.
Os sinais
Os sinais e gestos significativos do sacramento da Crisma são:
- O símbolo é o óleo é um elemento muito conhecido no dia-a-dia das pessoas. Ele aparece desde o nascer até o morrer, como remédio, alimento, etc. Na nossa liturgia é utilizado com freqüência: no batismo, na crisma, na unção dos enfermos, na ordenação episcopal e presbiterial. O óleo é um elemento essencial na celebração da crisma. A própria palavra crisma significa ungir;
- As palavras pronunciadas na unção do crisma (óleo): “Recebe, por este sinal, o Espírito Santo, o dom de Deus”, mostram-nos claramente o efeito da crisma. Pela imposição da mão e a unção, o batizado recebe, num sentido mais pleno, a força do Espírito Santo para assumir mais plenamente Cristo em sua vida e, portanto, ser para os outros e a comunidade o “bom odor”: do amor, da justiça, da fraternidade, do perdão, da paz e a força na luta por mais vida para todos;
Imposição das mãos
Impor as mãos tem um profundo sentido bíblico: consagração a Deus, cura e envio.
No Antigo Testamento temos várias citações em que aparece este gesto. Jacó impõe as mãos sobre seus netos, os filhos de José, para abençoa-los (Gn. 48,14 - 15). Moisés, inspirado por Deus, impõe as mãos sobre Josué. (Nm. 27,18 - 23). Em Dt. 34, 9 Josué é confirmado como homem de sabedoria e de liderança, após a imposição das mãos. Na crisma, a imposição das mãos leva a compreender que este gesto, feito pelo ministro da Igreja, dá o sentido de transmissão do Espírito de Deus como força, coragem, sabedoria, vivência e testemunho da fé.
A unção com o óleo
No Antigo Testamento, a unção significava força, poder, cura, saúde, alegria, bom odor, beleza e consagração. Reis, sacerdotes, profetas eram ungidos como instrumentos para bem conduzir o povo e para defender o direito e a justiça.
No Novo Testamento, Cristo é o ungido de Deus por excelência. Ele foi ungido, não com óleo, mas com o Espírito Santo e com poder. O crismado recebe a “marca”, o selo do Espírito Santo. Como sinal de que somos pertencentes a Deus. Jesus mesmo declarou-se marcado com o selo do Pai (Jo 6,27).
Aos discípulos Jesus promete enviar o Espírito Santo para lhes dar a força para serem suas testemunhas (At. 1,8).Todo crismado, ao ser ungido, assume a missão de defender o direito e a justiça, especialmente dos mais fracos e oprimidos. Portanto, será sempre um profeta que anunciará, ou denunciará, no ambiente onde estiver, a presença ou a ausência de Deus.
O Espírito de Deus
A Bíblia e a Liturgia nos falam muitas vezes do Espírito de Deus, ou do Espírito Santo, mas é difícil fazer uma idéia sobre esta pessoa divina. As imagens que a Bíblia usa – fogo, vento, água, pombinha – são imagens que indicam movimento, fluidez, liberdade, ou seja, imagens que lembram a impossibilidade de determinar o Espírito Santo. Por isso, não conseguimos ter uma idéia fixa, pronta, perfeita, sobre Ele, como as temos mais claras sobre o Pai e o Filho. A tradição da Igreja o chama de laço de amor entre Pai e Filho. Sendo amor, já fica difícil de conceituar. O amor não se define, mas é vivido, testemunhado, isto é, expresso na prática em ações. Por isso, só quem experimenta o amor-serviço, o amor-entrega e o amor doação poderá ter uma idéia – ainda que pálida – de quem é o Espírito Santo.
O Espírito Santo nos dá a força de vida e missão. Jesus declara: “O Espírito do Senhor está sobre mim”. Dizendo isto, assume a missão de ser o anunciador do Reino aos pobres. Por isso, valorizou as mulheres, perdoou os pecadores, curou os doentes, trouxe alegria e sentido de vida aos marginalizados. Mostrou-se sempre homem de ternura e compaixão, aproximando Deus ao povo e o povo a Deus.
Dons do Espírito Santo:
a) Sabedoria. Ela nos leva ao verdadeiro conhecimento de Deus e a buscar os reais valores da vida. O homem sábio e a mulher sábia é aquele(a) que pratica a justiça, tem um coração misericordioso, ama intensamente a vida, porque a vida vem de Deus.
b) Entendimento. Este dom nos leva a entender e a compreender as verdades da salvação, reveladas na Sagrada Escritura e nos ensinamentos da Igreja.
c) Ciência. A capacidade de descobrir, inventar, recriar formas, maneiras para salvar o ser humano e a natureza. Suscita atitudes de participação, de luta e de ousadia, frente à cultura da morte.
d) Conselho. É o dom de orientar e ajudar a quem precisa. Ele permite dialogar fraternalmente, em família e comunidade, acolhendo o diferente que vive em nosso meio. Este dom capacita a animar os desanimados, a fazer sorrir os que sofrem, a unir os separados...
e) Fortaleza. É o dom de tornar as pessoas fortes, corajosas para enfrentar as dificuldades da fé e da vida. Ajuda aos jovens a ter esperança no futuro, aos pais a assumirem com alegria seus deveres, às lideranças a perseverarem na conquista de uma sociedade mais fraterna.
f) Piedade. É o dom da intimidade e da mística. Coloca-nos numa atitude de filhos buscando um diálogo profundo e íntimo com Deus. Acende o fogo do amor: amor a Deus e amor aos irmãos.
g) Temor de Deus. Este dom nos dá a consciência de quanto Deus nos ama. "Ele nos amou antes de tudo". Por isso, precisamos corresponder a este amor. Nunca devemos ter medo de Deus e, sim de ofender ou rejeitá-lo.
Na crisma ou confirmação, recebemos o Espírito Santo com os seus dons, para entender e viver os ensinamentos da nossa fé e construir um mundo melhor no amor, santidade, verdade e justiça.
Claudecir de Oliveira Souza – kal